No dia 6 de janeiro de 2006, Milton Antunes chegou ao Colégio Santa Teresa de Jesus para trabalhar em um serviço temporário. Com o contrato de dois meses em mãos, ele iniciou as reformas de verão, ajudando com pintura e manutenção antes do início das aulas. O que ele não imaginava é que aquela porta, aberta por indicação de colegas e acolhida com carinho pela instituição, mudaria sua vida.
“Lembro até hoje do dia em que a irmã Neddy me chamou e disse que eu ia continuar. Me deu o papel pra abrir a conta no banco. Aquele dia foi sagrado pra mim”, conta emocionado. Desde então, já se passaram 19 anos, tempo em que Milton passou a fazer parte do cotidiano da escola, construindo com suas mãos e sua presença uma relação profunda com o lugar, os colegas e os alunos.
A rotina de Milton é marcada por atividades essenciais que, muitas vezes, passam despercebidas, mas são indispensáveis: corte de grama, limpeza dos pátios, cuidados com a fachada e apoio em reformas durante o recesso escolar. “Cada um aqui tem sua função. Tem quem cuide da parte elétrica, da hidráulica, mas a gente é parceiro. Trabalha junto, ajuda. Quando chega a época da reforma, a gente se junta e faz tudo”, relata.
Para ele, o trabalho é mais que uma ocupação: é uma forma de vida. “O trabalho pra mim é sagrado. Ele traz dignidade, autoestima e respeito. Sou muito grato a Deus, à vida, à saúde e ao Santa Teresa, que me acolheu e me acolhe até hoje. É o trabalho que sustenta a família, que dá sentido à vida.”
A presença de Milton vai além da função que exerce. É comum que ele seja reconhecido nas ruas, no supermercado, por ex-alunos que lembram dele e do cuidado com o espaço da escola. “Tem gente que me encontra e diz: ‘Ah, estudei lá no Santa Teresa!’. Às vezes não lembra do nome, mas lembra de mim. É muita gente, é uma história maravilhosa.”
A escola, segundo Milton, é um ambiente de respeito e acolhimento. “Nunca tive problema com ninguém, me dou com todo mundo. A direção sempre foi atenciosa. É um lugar tranquilo de trabalhar. E eu gosto muito disso aqui.”
Neste Dia do Trabalhador, a trajetória de Milton Antunes é um lembrete de que todos os trabalhos, por mais simples ou silenciosos que pareçam, têm seu valor. São eles que sustentam estruturas, fazem florescer vínculos e mantêm vivas as engrenagens que formam uma comunidade. Milton é uma dessas engrenagens — discreta, essencial e cheia de dignidade.